Tenho trabalhado a vida toda com Educação. Seja em escolas ou na Secretaria de Educação, sempre lidei com nomes, muitos nomes. Nos Diários de Classe, nas fichas de alunos no setor administrativo, com cadastros de professores, enfim: nomes. Como sou muito "observadora", presto muito atenção aos nomes diferentes, inusitados, que aparecem. E gosto de fazer graça com eles. Adoro! E acho que sei porque...
Nascida Maria do Carmo, em Belém do Pará, nome dado em homenagem à minha querida avó e muito comum por lá, vim com minha família para o Rio de Janeiro ainda bebê. Mais grandinha lá pelos seis anos, a moda eram as Ângelas, Mônicas, Elizabetes, Camilas. As Marias sempre eram acompanhadas dos Do Carmo, De Fátima, de Nazaré, de alguma santa ou apenas Maria mas geralmente oriundas de famílias católicas do Norte ou Nordeste. Aí começa a peleja...
Na infância, na escola, o nome Maria do Carmo era muito prestigiado por ser católico. Todos os colégios de freiras tinham pencas de nomes relacionados a santas. Lá eu era comum, normal. Mas aí começou a diferença: O sobrenome CASCAES. E aí a história fica interessante:
CASCAES nome da família do meu pai, oriundo de Portugal, era totalmente estranho às pessoas. A pronúncia, apesar de pra mim ser muito clara e fácil, virava uma verdadeira catátrofe! As pessoas até falavam baixinho com medo de errar e geralmente erravam. CASCALHO era a interpretação, além de outros que se fosse nos tempos atuais, eu chamaria de bulling, o que faziam comigo. Eu não era Silva, Sousa nem dos Santos.
E o apelido? CASQUINHA, pode? Eu era mignon, a mais baixinha da turma da escola pública para a qual fui transferida após a morte do meu pai. Sabe como é...tempos difíceis. E, a partir daí, da 5ª série, saída das freiras diretamente para a escola pública mais moderna do Rio de Janeiro na época, André Maurois, começou a minha "adversidade nominal" kkkk.
Minhas colegas tinham nomes modernos como já mencionei, Ângelas, Márcias, Mônicas, eu Maria do Carmo era diferente. Aí começava: Do Carmo porque? Vai explicar a história de haver três na família... E um colega de classe que chamava-se Carmo...já viu né? Maria DO Carmo. Então a MARIA DO CARMO DIAS CASCAES foi substituída pela Casquinha que por vezes, até preferia ser assim chamada. Poupava muitas explicações kkkk
Fui crescendo, as coisas mudaram, a minha compreensão também e o prenome passou a ter uma grande importância pra mim: herdei da vovó que foi uma pessoa linda e homenageamos a Virgem do Carmo, padroeira de muitas Marias. Vim morar no Nordeste, no Ceará, onde sou mais uma entre as milhares que tem no seu nome, a gratidão às santas. Pensei: agora vou ser igual!
Mas, aqui, no Ceará, não tinha CASCAES. E mais uma vez deixei de ser a Maria do Carmo. Passei a ser a MARIA CASCAES, só que agora com relevante destaque já que como professora nos tornamos "bem público" e de repente até famosas kkkkk. Como o meu sobrenome é especial ainda sofro com os mal entendidos, fazer o que? Isso me dá o direito (será?) de também "curtir" com os nomes diferentes que aparecem, mas que infelizmente, por enquanto, não posso divulgar, quem sabe um dia eu encontre uma forma?
De qualquer forma o meu sobrenome é muito importante na minha vida e na da minha família pois os filhos e netos que estão chegando continuam levando CASCAES nos seus nomes, o que fará com com seja perpetuado para sempre!
E eu MARIA DO CARMO CASCAES MOTA (Mota é o sobrenome do esposo) tenho um orgulho enorme de ser quem eu sou e do nome que me foi dado!
